BRASIL CIA. LTDA. artigo de
Percival Puggina
ILUDA-SE QUEM QUISER, MAS ESTE PAÍS JÁ TEM
DONOS
Vivemos sob o império da mentira, da
mistificação e das versões que se opõem aos fatos. Com o que hoje se sabe sobre
o submundo governamental e político destes últimos 12 anos pode-se afirmar, sem
medo de errar, que se fosse Getúlio Vargas o presidente (e eu nunca fui
getulista) ele se teria suicidado uma vez por semana.
Em 2002, na eleição que deu origem ao ciclo de
hegemonia petista, a atriz Regina Duarte declarou sentir medo do que estava por
vir. Foi ridicularizada, ironizada, mas tinha razão. Ela tinha medo dos
caminhos que o Brasil iria percorrer em sua inflexão para essa comunidade
socialista, bolivariana, cocaleira e bananeira do Foro de São Paulo. Ela
pressentiu que o Brasil iria aliar-se a ralé da política internacional e
afastar-se das nações democráticas e desenvolvidas. Ela tinha medo de que o
Brasil viesse a ter donos.
Pois agora tem. O Brasil, agora, tem donos,
como bem se sabe pelo noticiário de cada dia. Ontem, no Rio de Janeiro, num
descarado ato em "defesa da Petrobras", promovido por um governo que
se serviu da empresa como num banquete, o líder do MST João Pedro
(quebra-quebra) Stédile disse que se Marina for eleita presidente haverá ali
protestos diários. E concluiu: se Aécio vencer, será uma guerra.
O grupo é numeroso, mas não chega a ser uma
Sociedade Anônima. É uma dessas companhias que quando caem nas mãos da segunda
geração não resistem aos desmandos e vão à breca. Assim é o cenário, hoje, de
um país que parou enquanto os outros avançam. Assim é o cenário de um país em
que a elite do Estado discursa sobre desigualdade, mas vive no fausto e ignora
a miséria dos municípios, das escolinhas, dos postos de saúde. Brasil Cia.
Ltda. deveria ser a placa à porta deste país cuja diretoria, se chefiasse
realmente uma empresa respeitável, teria que ser exonerada uma vez por semana.
Zero Hora de hoje noticia o rombo
de R$ 13 bilhões no Fundo de Amparo do Trabalhador, e avisa que esse estrago
deve crescer 30% no ano que vem. Não há dinheiro que esse governo não dilapide,
não há estrago contábil que não possa causar. Os rombos são criados quando se
gasta mais do que se tem, ou quando se tira mais do que se põe. No caso do FAT,
a vulnerabilidade aumenta, porque é um dinheiro do trabalhador, esse inocente,
cujo "fundo de amparo" serve, entre outras coisas, para amparar os
privilégios bancários que o BNDES concede aos amigos do peito.
Não bastasse isso, os números do
seguro-desemprego mostram um aumento de 400% durante os últimos 10 anos, pulando
de R$ 6,6 bi em 2003 para R$ 31,9 bi em 2013, impulsionado por uma rotatividade
de 37% ao ano no conjunto da força de trabalho do país. Com a economia travada,
a situação vai piorar. E o governo, que festejava como se fossem seus os
números do emprego que crescia, vai responsabilizar as empresas pelo desemprego
que já se evidencia.
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